sexta-feira, 25 de junho de 2010

Malinculia

Malinculia, Patrão,
É um suspiro maguado
qui nace no coração!
É o grito safucado
Duma sodade iscundida
Qui nos fala do passado
Sem se torná cunhicida!
[...]
Malinculia é tristeza
Misturada cum paxão,
Vibrando na furtaleza
Das corda do coração!
Malinculia é qui nem
Um caminho bem diserto
Onde não passa ninguém...
[...]
Seu moço, malinculia 
É a luz isbranquiçada 
Dos ano qui se passô...
É ternura... é aligria...
É uma frô prefumada
Mudando sempre de !
Às vez ela vem na prece
Qui a gente reza sozinho.
Otras vez ela aparece
No canto dum passarinho,
Numa lembrança apagada,
No romance dum amô,
[...]
A  da Malinculia
Não tem casa onde morá...
Ela veve noite e dia
Os coração a rondá!
[...]
Malinculia é desejo,
É cinza de disingano,
Malinculia é amô
pelo tempo sipurtado,
Malinculia é a 
Qui o home sofre calado
Quando lhe vem à lembrança
Passages da sua vida...
Juras de amô... de isperança...
Na mucidade culhida!
[...]
Pruquê inda vai nacê 
O home, ou mermo a muié,
Capacitado de dizê
Malinculia o qui é!!!
(Antônio Sales)

Segundo o Dicionário Aurélio:

Me.lan.co.li.a sf. 1. Psiq. Forma grave de depressão (6). 2.Tristeza, pesar.


Essa poesia foi retira do livro "A língua de Eulália - uma novela sociolinguística" do escritor Marcos Bagno.
Para quem deseja conhecer a resenha da obra, clique aqui:  http://www.webartigos.com/articles/6204/1/A-Lingua-De-Eulalia-Uma-Novela-Sociolinguistica/pagina1.html

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